As palavras dos políticos
estão cheias de promessas ocas
e, embora eloquentes
e com amplo acolhimento,
passado o tempo da campanha
leva-as o vento de cada dia,
pois são palavras ensaiadas, vazias,
que ocultam ambições pessoais mesquinhas.
Tu, sim, tens palavras de vida.
As palavras da publicidade
raramente nos dizem a verdade;
pensadas para nos seduzir
e levar-nos pelos caminhos do consumo
martelam os nossos sentidos
com astúcia e persistência;
são palavras ilusórias e enganosas,
usadas para triunfar no campo de batalha.
Tu, sim, tens palavras de vida.
As palavras dos pregadores
— párocos, bispos e clérigos de vária índole —
já não surpreendem ninguém,
pois chegam-nos domesticadas
com tantas explicações e interpretações;
as suas teológicas palavras sagradas
não libertam nem alegram a nossa vida;
antes nos enredam e confundem.
Tu, sim, tens palavras de vida.
As palavras dos media
— jornais, rádio, televisão e internet —
saturam cada dia mais
o nosso horizonte, tempo e mente;
são tantas e tão diversas para satisfazer
a curiosidade, mórbida e polémica,
que em vez de informar nos desinformam
e não saciam a nossa sede de verdade.
Tu, sim, tens palavras de vida.
Há quem use a palavra
para inundar os nossos ouvidos,
para disfarçar os seus interesses,
para manter-nos na ignorância,
para impôr a sua autoridade,
para desencarnar a história,
para camuflar mentiras,
para criar barreiras...
Tu, sim, tens palavras de vida.
E interessa-nos, Senhor.
Florentino Ulibarri