A parábola do «Bom Samaritano» saiu a Jesus do coração, pois caminhava pela Galileia muito atento aos mendigos e doentes que via nas valetas dos caminhos. Queria ensinar todos a caminhar pela vida com «compaixão», mas pensava sobretudo nos líderes religiosos.

Na valeta de um caminho perigoso, um homem assaltado e roubado foi abandonado «meio morto». Felizmente, pelo caminho chega um sacerdote e em seguida um levita. Ambos pertencem ao mundo oficial do templo. São pessoas religiosas. Sem dúvida terão piedade dele.

Não é assim. Ao ver o ferido, os dois fecham os seus olhos e o seu coração. Para eles é como se aquele homem não existisse: «Fazem um desvio e passam longe», sem se deterem. Ocupados na sua piedade e no seu culto a Deus, seguem o seu caminho. A sua preocupação não são os que sofrem.

No horizonte aparece um terceiro viajante. Não é sacerdote nem Levita. Não vem do templo nem pertence sequer ao povo eleito. É um «samaritano» desprezível. Pode-se esperar dele o pior.

No entanto, ao ver o homem ferido, «comovem-se-lhe as entranhas». Não passa ao longe. Aproxima-se dele e faz tudo o que pode: desinfeta as suas feridas, cura-as e liga-as. Em seguida, leva-o no seu cavalo até uma hospedaria. Ali cuida-o pessoalmente e procura que o continuem a atender.

É difícil imaginar uma chamada mais provocadora de Jesus aos seus seguidores, e de forma direta aos líderes religiosos. Não basta que na Igreja haja instituições, organismos e pessoas que estejam junto dos que sofrem. É toda a Igreja que deve aparecer publicamente como a instituição mais sensível e comprometida com os que sofrem física e moralmente.

Se a Igreja não se comove nas entranhas com os feridos das valetas, o que faça e o que diga será irrelevante. Só a compaixão pode fazer hoje a Igreja de Jesus mais humana e credível.

José Antonio Pagola

 Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Pérez

Publicado en www.gruposdejesus.com